terça-feira, 19 de maio de 2015

Medicina Yin e Yang: A ciência do equilíbrio

A Medicina chinesa é muito mais do que acupuntura e muito menos misteriosa do que parece. Depois de milhares de anos, o Ocidente começa a descobrir os segredos do Yin e do Yang - a chave da saúde.
por Lúcia Helena de Oliveira
  Problemas não escolhem hora nem lugar, diz o ditado. Assim, no meio de uma visita à China, em 1972, o jornalista americano James Reston, vítima de uma súbita apendicite, teve que ser internado às pressas. O hospital era tão bem equipado quanto qualquer outro do Ocidente e a cirurgia poderia ser chamada de convencional, não fosse o fato de Reston ter permanecido acordado e de as drogas anestésicas terem sido substituídas por algumas agulhas espetadas em seus braços.
Mais notável ainda é o caso do guitarrista Kalau, pseudônimo de Christian Keul, líder da BAP, a primeira banda alemã de rock a se apresentar na China, há um ano. Pouco antes de começar o concerto, Kalau caiu do palco, batendo o joelho no cimento com tanta força que quase desmaiou de dor. O espetáculo seria cancelado, quando um chinês, de 30 e poucos anos, ofereceu ajuda. “Ele passava a mão sobre o joelho sem tocá-lo e quando, finalmente, jogou algo imaginário no machucado, as dores desapareceram”, conta o roqueiro, que, então, pôde voltar ao palco.
Os episódios refletem uma bifurcação existente na China, onde o paciente pode escolher entre tratamentos da Medicina ocidental — como cirurgias — e terapias milenarmente usadas pelos orientais como massagens. Os médicos chineses também podem optar por uma formação ou por outra, pois existem tanto faculdades de Medicina ocidental quanto de Medicina tradicional. Mas o que se ensina nelas é bastante diferente, a começar pelas técnicas de diagnóstico. Quem cursa a faculdade de Medicina tradicional, por exemplo, leva cinco anos aprendendo a perceber detalhes de seus futuros pacientes, como a aparência da pele, o jeito de andar, o aspecto da língua e os 28 tipos de pulsação descritos pelos chineses.
As noções de fisiologia da Medicina tradicional chinesa também são completamente diferentes. É onde entram os conceitos, cada vez mais falados no Ocidente, de Yin e Yang. Há quatro anos o fisiologista Marco Aurélio Dornelles, da Universidade de Campinas, embarcou para a China, a fim de fazer um curso de Medicina tradicional, com duração de quatro meses. “Metade desse tempo eu perdi só para assimilar Yin e Yang”, conta ele com voz mansa e forte sotaque gaúcho. Yin e Yang, segundo os orientais, são pólos opostos de uma energia chamada Qi (pronuncia-se “tchi”),que está presente em tudo no Universo.
Saúde, por este ponto de vista, é a energia interna do organismo equilibrada e em harmonia com as energias do ambiente. Alguém com muito Yang, por exemplo, será agitado; muito Yin, porém, leva a estados de desanimo. O balanço adequado de Yin e Yang, contudo, ainda não é suficiente. Entre um extremo e outro, de acordo com a Filosofia chinesa, existem cinco diferentes estados de energia, correspondentes a cinco elementos: madeira terra, metal, água e fogo.
Parece um jogo infantil: a madeira alimenta o fogo; o fogo, por intermédio da cinza, forma a terra; a terra gera o metal; o metal derrete e vira água; e a água alimenta a madeira. Mas, ao mesmo tempo que um elemento produz o outro, eles também se anulam: o fogo derrete o metal e este corta a madeira; a madeira invade a terra, que represa a água; a água finalmente apaga o fogo. Isso, aparentemente, nada tem a ver com Medicina. Para os chineses porém, sem isso nem há Medicina. Pois cada uma dessas energias, para eles, controla um dos órgãos que regem a orquestra do organismo — os rins, o baço, o fígado, os pulmões e o coração. Estes, por seu lado, governam cada qual uma série de outros órgãos.
Por isso, para a Medicina chinesa, uma doença nunca afeta uma parte do corpo isoladamente. Por exemplo: o pulmão é metal; logo, ele alimenta os rins, que são água. Isso significa que um pulmão fraco enfraquece os rins. E, como os rins controlam os ossos, estes também se prejudicam. Reumatologistas franceses constataram recentemente que pessoas que sofreram na infância de problemas pulmonares, como bronquites, costumam ter doenças nos ossos entre os 50 e 60 anos de idade. O que os cientistas constatam hoje já foi observado há quase 5 mil anos, no Nei ching (“O tratado interno”), o primeiro livro conhecido sobre acupuntura, a terapia baseada na aplicação de agulhas em pontos do corpo. Nele já se descrevia o câncer — explicado como conseqüência de emoções reprimidas, que acabariam por criar uma energia autodestrutiva no organismo.
Para os chineses, corpo e mente são inseparáveis. “Até hoje, não entendo como se tratam úlceras com medicamentos para o estômago, quando todos estão cansados de saber que ela é uma doença ligada à ansiedade”, reclama, inconformado, o médico Jou Eel Jia. Chinês da província sulina de Zhuangzu, com 33 anos, formou-se no Brasil e voltou ao seu país para se especializar em Medicina tradicional. Desde 1981, clinica em São Paulo.
“A maioria das pessoas presume que um tratamento se faz exclusivamente à base de agulhas”, explica ele. “Mas, além da acupuntura, a Medicina chinesa conjuga dietas, exercícios, massagens e, principalmente, ervas.” Os chineses, que conhecem quase 6 mil espécies de ervas, acreditam que há sempre um chá capaz de resolver um problema. Assim, dente-de-leão, que no Ocidente é considerado capim, para os chineses é um ótimo regulador de hormônios. Em casos de artrite, a beberagem é uma infusão de angélicas. Já folhas de cebola são eficazes para estancar hemorragias — e por aí afora. Uma típica receita de chá combina, em média, de três a quinze ervas, para que uma corte os possíveis efeitos colaterais da outra.
As grandes farmácias, na China, chegam a aviar 2 mil receitas dessas diariamente. Com a modernização do país nos últimos anos, algumas farmácias já estão automatizadas, com máquinas que distribuem as ervas nas proporções indicadas pela receita, sem contato manual. O uso de ervas na Medicina oriental não se confunde, porém, com o da homeopatia, modalidade de Medicina ocidental que também lança mão de medicamentos naturais. “Uma erva e uma pílula feita à base dessa erva não são idênticas”, explica Jou. “As duas terão o mesmo efeito sobre certo sintoma, já que os radicais (átomos que determinam as características da substância) de suas fórmulas químicas são iguais. Mas a erva, por ter ainda a energia, ou o Qi, agirá sobre as causas.”
Os exercícios físicos também são uma importante terapia para os orientais. Na Medicina chinesa, movimentar-se é deixar fluir a energia do corpo — e nesse fluir está a saúde: Assim todas as manhãs, milhões de chineses podem ser vistos em lugares públicos, praticando sossegadamente o Tai Chi Chuan (“O máximo do extremo”) uma ginástica que mais lembra um balé em câmera lenta. Mas o chinês imóvel, de olhos fechados em plena rua, que de repente faz um movimento brusco, quase espasmódico, não está fazendo propriamente ginástica. Ele está, isto sim, exercitando-se nas arcaras artes do Qigong (que significa “a técnica da energia” e pronuncia-se “tchigon”), talvez a mais procurada forma de tratamento na China, depois das ervas.
O roqueiro alemão Kalau certamente foi tratado por um mestre de Qigong. Os chineses, dizem os mestres dessa espécie de massagem sem força mecânica, aprendem a acumular energia, a fim de passá-la, através das mãos, para o corpo da pessoa doente ou com dor. Atualmente, o Qigong já é ensinado nas faculdades de Medicina tradicional da China, mas durante muito tempo os seus segredos eram passados de mestre para discípulo, como uma iniciação da qual, aliás, as mulheres estavam excluídas. Até hoje, só 20 por cento dos massagistas de Qigong têm formação médica.
É o caso de Kong Li Chi, ex-médico de várias seleções olímpicas chinesas, que veio ao Brasil em maio último. O Qigong faz parte de sua vida desde a infância, quando observava o avô materno exercitar-se. “Ainda treino de uma a duas horas por dia”, conta ele, aos 44 anos. Quem o vê nesses momentos tem a impressão de que está apenas fazendo leves movimentos circulares com os braços. Mas a aparência engana: ao tocá-lo, nota-se que emprega toda a sua força muscular nesses movimentos. Para manter a energia que capta com esses exercícios, um mestre de Qigong não pode fumar nem beber, deve dormir no mínimo oito horas por dia e, se adoecer, mesmo que se trate de um reles resfriado, não pode fazer a massagem, porque deve passar uma energia absolutamente saudável para os outros.
A existência dessa energia já foi registrada por aparelhos sofisticados como os de ressonância magnética, que utilizam ímãs poderosos para obter imagens do organismo. A Academia de Ciências da China compara a energia do Qigong à radiação infravermelha de baixa freqüência. Tamanho é o prestígio do Qigong ali que as grandes estrelas do esporte chinês têm um massagista dessa técnica em sua equipe. Pois se acredita que o Qigong não só resolve problemas como distensões e torções mas também elimina dores e dá energia extra para o atleta competir.
Nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, Kong foi massagista do ginasta chinês Li Ning. Talvez não por acaso, Li conquistou três medalhas de ouro e uma de prata, sendo chamado pela imprensa americana de “a torre de força”. Outras massagens orientais diferem do Qigong por não transferir a energia de uma pessoa para outra e sim desbloquear a própria energia: e o caso do Shiatsu e do Do-in — este, uma automassagem —, já bastante difundidos no Ocidente. Essas massagens são feitas sobre os meridianos, os canais por onde, segundo os chineses, passa a energia do corpo.
Existem catorze meridianos principais. Quando a energia se desequilibra ou fica bloqueada em um deles, então adoecem os seus órgãos correspondentes. Os chineses acreditam que a aplicação de calor sobre determinados pontos dos meridianos pode fazer tudo voltar ao normal, por isso queimam bolas de ervas compactadas, chamadas moxas, sobre a pele. Mas, em geral, os pacientes preferem as célebres agulhas da acupuntura. Os médicos ocidentais sabem até por que a acupuntura funciona em casos de dor, pois constataram que ela ajuda o cérebro a liberar endorfina, o analgésico natural do organismo.
“Associadas a pequenos estímulos elétricos, durante meia hora, as agulhas permitem que uma mulher suporte uma cesariana”, informa o médico Jou Eel Jia. O médico paulista Júlio Abramczyk conta, impressionado, que num congresso internacional de Cardiologia, em Washington, há dois anos, os chineses relataram um estudo sobre mil casos de cirurgia de troca de válvulas cardíacas. Em todos eles, sem exceção, a única anestesia usada foi a acupuntura.
Mas ainda não está claro para os ocidentais se e como as agulhas funcionam em casos que não envolvem dor. Não se sabe, por exemplo, por que uma agulha espetada no pulso cura bronquite. Para os chineses, esse é um falso problema: a resposta, como sempre, está no Yin e Yang, os dois pólos da energia vital, postos em equilíbrio no ponto do pulso correspondente ao pulmão. “Da mesma forma como posso provocar a produção de endorfinas, posso estimular a produção de qualquer hormônio”, desafia Jou. Ele conta que, certa vez, trabalhando no ambulatório de um hospital em São Paulo, espetou duas agulhas numa mulher que não tinha leite para o filho recém-nascido. “Vinte minutos depois, os seios começaram a inchar e liberar leite. As agulhas só fizeram estimular a produção do hormônio prolactina.”
Desde a recente abertura chinesa para o mundo, os próprios orientais passaram a buscar explicações para a sua Medicina nos conceitos da Medicina convencional do Ocidente. Da mesma forma, nos Estados Unidos, França e Alemanha, uma batelada de pesquisas ainda não concluídas trata de observar as alegadas maravilhas da Medicina chinesa com olhos ocidentais. Uma grande preocupação dos cientistas é separar nitidamente técnicas médicas de eficiência comprovada (embora sustentadas em teorias algo nebulosas) da simples charlatanice, como a que se pratica em certos consultórios de fundo de quintal, a título de Medicina chinesa.


Fonte:  Super interessante , 13 outubro 1988

Estudo mostra que ibuprofeno e diclofenaco aumentam riscos de AVC

Medicamentos analgésicos usados por milhões de pessoas diariamente têm sido associados a um maior risco de arritmia cardíaca, o que poderia provocar um acidente vascular cerebral.

 A chance extra de desenvolver a fibrilação atrial é de 84%, afirmam pesquisadores holandeses.

 A arritmia é uma das principais causas de AVC, pois as câmaras superiores do coração ficam fora de um ritmo regular e batem muito mais rápido do que o normal, o que faz com que o sangue se acumule e forme um coágulo.

 No Brasil milhões de pessoas com artrite tomam analgésicos, incluindo antiinflamatórios, como o diclofenaco e o ibuprofeno. No estudo, a saúde cardíaca de 8.423 pessoas, com idade de 55 anos ou mais, foi monitorada desde 1990, em Roterdã, Holanda.

 Os casos de fibrilação atrial foram diagnosticados usando gravações rítmicas do coração, enquanto os detalhes dos medicamentos prescritos foram recolhidos em farmácias. Durante o período de acompanhamento médio de pouco menos de 13 anos, 857 participantes desenvolveram fibrilação atrial. Destes, 261 nunca tinham usado antiinflamatórios quando foram diagnosticados, enquanto 554 já haviam usado, e 42 estavam ingerindo estes medicamentos no momento da pesquisa.
O uso atual foi associado a 76% de maior risco de fibrilação atrial do que para aqueles que nunca haviam tomado analgésicos. Idade, sexo e problemas cardíacos subjacentes foram levados em conta.

 Percebe-se que os antiinflamatórios podem contribuir para problemas de ritmo cardíaco pelo aumento da pressão arterial como um resultado da retenção de líquidos. Bruno Stricker, do Centro Médico Erasmus, em Roterdã, disse que a pesquisa anterior tinha mostrado uma ligação entre fibrilação atrial e esses analgésicos. "Nossos resultados também sugerem que o aumento do risco ocorre logo após o início do tratamento e podem desaparecer ao longo do tempo", acrescentou. “Apesar dos antiinflamatórios não serem muito eficazes para o tratamento da dor, é importante que ambos os riscos e benefícios sejam considerados cuidadosamente antes de serem prescritos”.

Só no Reino Unido, no ano de 2010, mais de 17 milhões de prescrições foram emitidas para analgésicos.

 O ibuprofeno pode ser comprado com farmacêuticos e em supermercados, além de comprimidos contendo diclofenaco em doses muito mais baixas do que na prescrição. Cerca de dez anos atrás, a droga anti-artrite Vioxx foi tirada do mercado por conta do aumento do risco de ataques cardíacos e derrames.

 A pesquisa, publicada na revista médica The Lancet, descobriu que o naproxeno foi o analgésico mais seguro. Os pesquisadores analisaram também que as doses de analgésicos prescritos pelos médicos equivalem ao dobro da quantidade diária recomendada para dores de cabeça e outros males menores.

 Fonte: Jornal Ciência - Estudo de 13 anos com 8.423 pessoas mostra que ibuprofeno e diclofenaco aumentam riscos de ter AVC

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